Quando vamos para a praia, para o clube ou para a piscina, queremos mesmo é relaxar e descansar. Acontece que, quando estamos com as crianças nesses ambientes, não dá para baixar totalmente a guarda. Basta um segundo de descuido e desatenção para que os pequenos se metam em enrascadas e a diversão logo se transforme em uma emergência.
Não tem jeito: para que o passeio seja gostoso e sem surpresas, alguns cuidados são necessários. E isso vale não só para prevenir acidentes e questões de saúde, mas também para evitar que as crianças se percam no clube ou na praia lotada, por exemplo.
"O verão é muito gostoso, todos nós gostamos de viajar, de ir à piscina, de ir à praia, mas precisamos tomar cuidado para que as nossas férias sejam agradáveis e sem intercorrências, principalmente com as nossas crianças, que são mais suscetíveis à desidratação, a queimaduras e a acidentes", lembra o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A seguir, veja dicas de segurança para que você e seu filho possam ter momentos gostosos e tranquilos perto d'água:
ANTES DA DIVERSÃO
1. Antes de sair de casa, converse com o seu filho sobre a importância de respeitar as placas de proibição, estar atento aos guarda-vidas e sempre ficar perto de um adulto responsável
2. Explique que brincadeiras de correr, empurrar, pular em outras crianças, afundar a cabeça na água ou fingir afogamentos nunca devem ser feitas
3. Faça pulseirinhas de identificação e coloque-as no braço do seu filho. Elas devem conter informações como o nome dele, o nome do responsável e um telefone para contato
4. De preferência, sempre vista as crianças com roupas e trajes de banho de cores chamativas. Acredite: é uma ajuda e tanto caso precise encontrá-las em lugares cheios ou caso estejam embaixo d'água
5. Verifique as condições meteorológicas do dia. Se a previsão for de ventos fortes, raios ou chuvas, talvez seja melhor deixar o passeio para outro momento
NA PRAIA
6. Assim que chegarem, reforce as recomendações de segurança e tire uns minutinhos para apresentar o local ao seu filho. Mostre onde a família ficará e indique um ponto de referência fixo para que ele possa se localizar, caso se perca
7. Reforce a mensagem de que água do mar e areia nunca devem ser colocadas na boca
8. Explique que nadar no mar é muito diferente de nadar em piscina. Nem sempre conseguimos ver o fundo com nitidez, a profundidade varia, podemos ser surpreendidos com objetos sob os nossos pés, ondas fortes ou correntezas... O cuidado precisa ser redobrado
9. Se forem entrar na água, façam isso sempre devagar e com os pés, aos poucos. Nada de querer sair correndo ou mergulhar de cabeça, combinado?
10. Se houver salva-vidas na região, pergunte sempre sobre quais são as áreas mais seguras para nadar
11. Respeite as placas de sinalização indicando áreas de risco
12. Não entre na água caso perceba que há canos liberando dejetos ou esgoto
13. Fique fora da água se ouvir trovões ou vir relâmpagos. Tente se abrigar em local seguro e coberto
14. Ensine as crianças que nadar sozinhas, sem um adulto conhecido por perto, é perigoso
15. Nunca deixe crianças sozinhas quando estiverem dentro ou perto da água, nem por um segundo. Nessas situações, garanta que um adulto estará sempre as supervisionando de forma ativa e constante o tempo todo, mesmo que existam salva-vidas no local
16. Se estiver em um grupo com mais de um adulto, escolha um para ser o "fiscalizador da água". Seu trabalho é o de observar as crianças que estiverem brincando na água ou perto dela (mesmo que saibam nadar). Durante o tempo que estiver sob a função, essa pessoa deve estar sem celular e sem outras distrações. A atenção deve estar 100% focada nas crianças. Após 15 minutos, reveze e escolha outro adulto para assumir o posto
17. Depois do banho de mar, retire a criança da água e leve-a para tomar uma ducha de água doce, para tirar o sal e a areia. Isso é bem importante para evitar irritações na pele. Na sequência, tire a roupa molhada, seque bem o corpo com uma toalha, especialmente as orelhas, as dobrinhas e entre os dedos, e passe um hidratante com fórmula específica para crianças
18. Vai fazer uma pausa para comer? Antes de tudo, higienize as mãos, principalmente se tiver tocado na areia. Se não houver água e sabão disponíveis, use álcool em gel
19. Tome cuidado com alimentos que são servidos e vendidos na praia. Frutos do mar, lácteos, embutidos, sucos naturais, raspadinhas, sorvetes e gelo, por exemplo, merecem atenção, porque podem ser a causa de infecções gastrointestinais, super comuns nessa época do ano
NA PISCINA OU NO CLUBE
20. Antes de liberar os mergulhos, faça uma vistoria no local e identifique onde ficam os ralos da piscina ou as saídas de sucção. Oriente seu filho a sempre permanecer longe deles
21. Crianças de cabelos compridos só devem entrar na água com eles presos em um rabo de cavalo ou em uma touca de natação. Isso diminui o risco que eles parem na frente do rosto e causem sufocamento ou, então, que fiquem presos nos ralos e sugadores
22. O colete salva-vidas é o melhor equipamento de segurança para evitar afogamentos. Boias e outros infláveis até parecem seguros, mas não são. Eles podem estourar ou virar a qualquer momento
23. Vale a mesma regra da praia: supervisione seu filho o tempo todo e não o deixe sozinho nem por um segundo. Afogamentos costumam ser rápidos e silenciosos. Guarde telefones, livros, revistas e evite distrações
24. Dia de praia e de piscina com crianças não é dia de consumir bebidas alcóolicas. Você precisa estar bem, sóbrio e focado para garantir a segurança do seu filho
25. Tenha cuidado com brincadeira de correr e pular na borda da piscina. Os pisos costumam ser escorregadios e pode ser que seu filho caia e bata a cabeça. Trampolins, escorregadores e toboáguas também merecem atenção
26. Só permita que as crianças nadem em piscinas fundas (mesmo que com colete salva-vidas) só se você souber nadar. O adulto que está supervisionando precisa ser capaz de conseguir salvar a criança, em caso de emergência. Se ele não dominar habilidades de natação, todos deverão brincar só em lugares rasos e que dêem pé
27. Fazer xixi e cocô na água nem pensar. A cada uma hora mais ou menos, leve as crianças para ir ao banheiro. Para os pequenos que usam fralda de natação, vale a mesma regra. Elas devem ser trocadas de hora em hora e, de preferência, em um espaço seco e longe da borda da piscina
28. Assim que a diversão na piscina acabar, não enrole para dar banho nas crianças. O ideal é que logo na sequência todos já tomem uma ducha, tirem a água clorada da pele e troquem a roupa de banho molhada por peças sequinhas
29. Nunca deixe brinquedos e boias à vista na área da piscina, depois que a brincadeira tiver acabado. Isso evita que as crianças fiquem tentadas a pegá-los quando não houver um adulto por perto
30. No caso de banheiras ou piscinas desmontáveis, esvazie sempre imediatamente depois de usar. Se possível, cubra-as ou guarde-as de cabeça para baixo e fora do alcance das crianças
31. Se a área da piscina for cercada e tiver portão, certifique-se que ele esteja sempre fechado. Avise outros membros da família (inclusive as crianças maiores) sobre a importância de deixá-lo sempre trancado
PROTEÇÃO SOLAR E HIDRATAÇÃO
32. Capriche no filtro solar e não se esqueça de proteger orelhas, nariz, lábios e parte superior dos pés
33. Prefira sempre os filtros solares com fórmulas específicas para crianças e resistentes à água. Eles devem ter FPS no mínimo 30. Filtros com número maior apresentam a mesma eficácia na proteção ao sol, o que muda é só o intervalo de tempo que eles duram na pele
34. Passe o protetor sempre 30 minutos antes de sair de casa ou de entrar na água. É preciso dar um intervalo entre a aplicação e a exposição ao sol, para que o corpo tenha tempo de absorver o produto
35. Entrou na água e deu um mergulho? Hora de passar de novo o protetor. Toda vez que a criança sair da água é necessário secar a pele e reaplicar o filtro solar
36. Se a criança estiver fora da água, o filtro deve ser reaplicado a cada 2 horas (mesmo que ela esteja na sombra)
37. Bebê com menos de 6 meses não devem ser expostos diretamente ao sol. Como eles ainda não podem usar filtro solar, busque outras formas de proteção, como bonés, roupas com proteção UV e guarda-sol
38. Os maiores também podem (e devem) se proteger do sol de outras formas, além do filtro solar. A dica do chapéu, do óculos escuro e das roupas leves com fotoproteção vale para todos
39. Entre 10h e 16h o sol está mais forte. Se puder programar as saídas para antes ou depois disso, melhor ainda
40. Sempre que possível, procure se abrigar em áreas sombreadas. Uma árvore, um guarda-chuva, um guarda-sol ou uma barraca podem ajudar
41. Na hora da brincadeira, as crianças se empolgam tanto que acabam esquecendo de se hidratar. Por isso, leve garrafinhas com água para a praia, ofereça água de coco, picolé, suco de fruta... Tudo isso é importante para repor líquido e sais minerais perdidos com o calor
EM CASO DE EMERGÊNCIA
42. Seu filho sumiu? Calma, a primeira coisa a fazer é SEMPRE procurá-lo dentro d'água. Caso ele tenha se afogado, você tem de ser rápido. Por isso mesmo, não perca tempo e comece sua procura sempre no mar, nas piscinas, nas banheiras...
43. Depois de se certificar que ele não está na água, tente manter a calma e procure ajuda da segurança do local, da polícia ou dos guarda-vidas. Eles saberão conduzir a situação
44. Tenha um telefone sempre por perto e acione o serviço de emergência, se for necessário. Na hora do estresse, nem sempre conseguimos nos lembrar dos números para discar. Por isso mesmo, já deixe todos salvos na agenda de contatos do seu celular com antecedência
45. Não é porque seu filho faz aula de natação que ele saberá como agir em caso de afogamento ou de emergência. Para que possa nadar em segurança ele precisar dominar algumas habilidades de sobrevivência na água, como afundar e retornar à superfície sozinho, flutuar, ter fôlego para nadar por pelo menos 25 metros e conseguir sair da piscina sem usar escada
46. Pessoas que sabem nadar também se afogam. Nunca superestime as habilidades do seu filho. Mesmo que ele se vire dentro d'água, a supervisão continua sendo fundamental.
Fontes: Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); Erika Tonelli, especialista em Entornos Seguros e Protetores da Aldeias Infantis SOS; Laura Serpa, dermatologista, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente e titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); Safe Kids Worldwide; Centers for Disease Control and Prevention (CDC); American Academy of Pediatrics (AAP)
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