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Sem sono, mães recentes têm envelhecimento acelerado, diz estudo


Desde a década de 1980, quando as pesquisas sobre o impacto do sono na saúde do organismo foram aprofundadas, poucas vezes uma descoberta sobre o assunto chamou tanto a atenção. Um trabalho conduzido por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revelou que, seis meses após o nascimento de seus bebês, as mães sofrem um envelhecimento biológico de três a sete anos além da idade cronológica. A causa? A falta de descanso crônico provocada pelas noites mal dormidas, tão comuns depois da chegada de um bebê. O trabalho foi publicado na revista científica Sleep Health.



Os pesquisadores avaliaram um grupo de mulheres durante a gravidez e ao longo do primeiro ano de vida de seus filhos. Durante esse período várias amostras de sangue foram colhidas para observar o DNA das voluntárias. Eles descobriram que as mães que dormiam menos de sete horas por noite de forma frequente eram mais velhas biologicamente em relação às que dormiam sete horas ou mais.


Risco à saúde

As mães que dormiam menos de sete horas tinham uma alteração: os telômeros, pequenos pedaços de DNA nas extremidades dos cromossomos que agem como capas protetoras do material genético, eram mais curtos. Telômeros encurtados têm sido associados ainda por cima a um risco maior de câncer, doenças cardiovasculares e outras doenças e morte precoce.


— A principal função dele é proteger o material genético transportado pelos cromossomos. No entanto, conforme as células se multiplicam para promover a regeneração dos tecidos do organismo, o comprimento dos telômeros é reduzido. Com o passar do tempo, eles ficam tão curtos que não são mais capazes de proteger o material genético, o que faz com que as células parem de se reproduzir e atinjam um estado de envelhecimento, que é sentido em todo o organismo. Há influência genética para o encurtamento mais rápido dos telômeros, mas isso também ocorre em situações de grande estresse e agora, como se sabe, de privação de sono — explica o geneticista Marcelo Sady, responsável técnico do Laboratório Multigene, de Botucatu, em SP.


Participaram do estudo mulheres com idades entre 23 e 45 anos. Enquanto o sono noturno das participantes variou de cinco a nove horas, mais da metade teve menos de sete horas, tanto aos seis meses, quanto no período de um ano após o parto, relatam os pesquisadores. Eles observaram que cada hora de sono adicional refletia em uma menor idade biológica da mãe, ou seja, seu corpo sofria menos com o fator do envelhecimento do que as outras.


— Quando não dormimos à noite, continuamos com uma grande descarga de adrenalina e outros hormônios que nos fazem ficar acordados, quando o organismo deveria estar no repouso. É como se mantivéssemos os vasos sanguíneos e o coração no modo trabalho. Só que isso gera um estresse fisiológico muito grande para o organismo. E acelera o envelhecimento. Fazendo uma comparação, é como se você deixasse uma máquina o tempo todo ligada e, quanto mais tempo ligada, menor a vida útil — explica a neurologista Christianne Martins Bahia, responsável pelo setor de Distúrbios do Sono do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.


Um sono de qualidade é um dos pilares de uma boa saúde física e mental. Enquanto dormimos, o corpo faz uma verdadeira faxina em neurotoxinas que prejudicam o funcionamento e estão associadas ao surgimento do Alzheimer.


Os pesquisadores incentivaram as mães a aproveitar as oportunidades para dormir um pouco mais, como cochilar durante o dia quando o bebê está dormindo, aceitar ajuda de sua rede de apoio, como família e amigos, e, sempre que possível, dividir com o pai da criança a responsabilidade de cuidar do bebê, tanto durante o dia quanto à noite.


— Uma mãe que está extremamente privada de sono ainda produz menos leite porque está estressada, tem menos energia e disposição para cuidar da criança. Dormir pouco pode ser fator de risco para outras doenças, como a depressão e ansiedade. Precisamos olhar para essa mãe do pós-parto e conscientizar a família sobre a importância da rede de apoio, para ela ter esse momento do descanso garantido — destaca Bahia.


Seis anos de ajuste

Um outro estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, mostrou que as mães só conseguem recuperar a quantidade e a qualidade do sono, que tinham antes de engravidar, seis anos após o nascimento do filho. Nos primeiros 3 meses depois do nascimento, as mães dormiram em média 1 hora a menos do que antes da gravidez, enquanto a duração do sono do pai diminuiu em apenas 15 minutos. O impacto era maior nos pais de primeira viagem.


Dormir pouco todos os dias influencia inclusive na questão alimentar. A privação do sono reduz os níveis de leptina (hormônio da saciedade) e aumenta os níveis de grelina (hormônio da fome). Esse cenário estimula o risco de sobrepeso ou obesidade, já que a pessoa terá mais fome e mais tempo de comer. E aqui outro problema: a obesidade é um dos principais fatores para o desenvolvimento da apneia do sono, um distúrbio em que a respiração para e volta diversas vezes, diminui muito a qualidade do descanso.


— Quando há uma grave perturbação da ordem temporal, bioquímica, fisiológica e dos ritmos comportamentais, isso mexe também com a expressão de alguns genes que regulam o metabolismo e os hormônios. Muitos pacientes que enfrentam mudanças nesse ciclo não conseguem seguir um plano alimentar, têm maior carga de estresse e impulsos alimentares — diz a médica nutróloga Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).


Apesar de não ser possível recuperar o sono perdido, é possível mitigar os efeitos estabelecendo uma rotina de descanso. O nosso corpo é capaz de se reprogramar e amenizar os danos já causados.


As oito horas diárias de sono são a recomendação básica. No entanto, cada faixa etária tem seu tempo recomendado de descanso.



Fonte: O Globo


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