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Existe excesso de estímulo físico para bebês e crianças?

Atualizado: 1 de set. de 2020

É comum ter expectativas sobre os filhos. Desde antes do nascimento, muitos pais começam a pensar e planejar o futuro dos bebês: vai engatinhar e andar com tantos meses, vai falar com outros tantos, vai nadar ainda pequenino, vai fazer e acontecer. No fundo, o que a gente quer mesmo é que eles cresçam felizes e saudáveis – e faremos o que for preciso para que isso aconteça. E, às vezes, é aí que mora o perigo.

Estímulos físicos são importantes em diversos aspectos, mas, no anseio pelo controle sobre a rotina dos filhos, é comum passar dos limites. “Nós devemos entender qual é a quantidade ideal de estimulação para que não haja uma sobrecarga aos bebês e crianças”, adverte Rossana Pugliese, doutora em piscologia social, mestre em motricidade humana e professora de Educação Física.


Quando somos pequenos ainda não temos a mesma disposição fisiológica dos adultos. Natação, futebol, yoga, dança, tudo isso junto não vai fazer com que o bebê e a criança se desenvolvam mais rapidamente, pelo contrário. Uma agenda lotada de atividades gera estafa e pode acabar prejudicando os filhos. “A gente precisa entender que deve respeitar a natureza das crianças. Uma atividade por dia já é mais do que o suficiente”, garante Rossana.


E nem toda atividade física está, necessariamente, ligada à prática de esportes. Dentro de casa, é preciso dividir o tempo de rotina e incentivar atividades como pintura com giz de cera, tinta guache, lápis de cor, brincadeiras com massinha de modelar, criar brinquedos com material reciclado e não se esquecer do tempo livre.


Os pequeninos devem brincar e interagir com os pais livremente, sem compromisso com a aprendizagem. Esse tempo é ótimo para estabelecer vínculos familiares. “Nós só vamos crescer e ganhar uma identidade a partir dessa interação com o outro. Os pais desempenham uma função importantíssima enquanto cuidadores. São eles quem nos ajudam a formar a tal identidade.” Nascemos dependentes e frágeis, precisando de carinho, cuidado, atenção e afeto. Essas são as principais prioridades para o início da vida, mais até do que estímulos físicos. “É a receita para um ser humano feliz”, explica Rossana.


Enquanto cuidadores e protetores de um ser “novinho em folha”, podemos, sim, apresentar a ele quais são as possibilidades, aumentar seu repertório e ajudá-lo a evoluir, dia após dia. Mas isso não quer dizer acelerar processos que são naturais e que acontecem no tempo em que têm que acontecer. “O que a gente recebe no começo da vida estará sempre refletido no futuro. Será a nossa forma de compreender o mundo e as pessoas ao nosso redor.”


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